Nunca estive tão só. Até o som de minha voz parece estranho e envelhecido. As fotos na parede amplificam a solidão, o blues abre a porta de meu quarto escuro e inunda-o de outras sombras. Não reflito sobre a beleza da palavra solitude, nem na sonoridade da palavra soledade, nem na sinonímia destas com a solidão. Apenas sinto fluir o silêncio das paredes que insistem em angustiar-me com canções tristes de um passado triste cheio de promessas de um futuro sem fé.Nunca estive tão só e dessa vez não vi a face bela da filha da solidão: a paz. Mas a solidão não tem apenas uma filha, hoje o sei; irmã gêmea da paz é a angústia e com ela divido meu pranto mudo e meu canto de dor.Nunca estive tão só e ecoa a solidão na voz dos que me falam. A frivolidade vomitada na vã vontade de me livrarem de meus algozes interiores. Minha falsidade hermética me faz expelir sorrisos mecânicos, acompanhados de frases superficiais e convenientes.Abraço-me só, num canto escuro, mastigo o medo e me permito fluir na densidade gelatinosa da solidão. Nunca estive tão só...
Luiz Roberto Lins Almeida
1 comment:
Show esse Blog. Os quadros são maravilhosos! Já guardei nos favoritos..rs
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